É uma das doenças de maior incapacitação da atualidade. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), ela atinge cerca de 300 milhões de pessoas no mundo e teve um aumento de 18,4% nos últimos 10 anos. Esse estudo indica ainda que as mulheres são mais afetadas que os homens e que menos da metade das pessoas recebem ou fazem o tratamento adequado, medicamentoso e psicoterápico.
No Brasil, 5,8% da população sofre de depressão, um total de 11,5 milhões de brasileiros, e a faixa etária mais afetada é de 55 anos a 74 anos. E mais uma vez as mulheres apresentam mais o transtorno do que os homens.
Sintomas/sinais: mudança de humor (sentimento de tristeza e pesar); perda do interesse em atividades antes agradáveis; alteração do sono; perda ou aumento de peso; pessimismo obsessivo (humor pessimista); sentimentos de impotência; labilidade emocional (choro fácil); atividade motora mais lenta ou agitada; perda de energia ou cansaço; estado de apatia ou intensa irritabilidade; dificuldade de atenção, concentração e memorização; perda da auto estima e sentimentos de culpa; redução ou perda de desejo sexual; pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.
Durabilidade: de 6 a 18 meses. Após um primeiro episódio, a chance de recorrência é de 50% e após um segundo episódio a chance de recorrência sobe para 70%.
A Depressão Clássica pode ser dividida em algumas variantes, que são elas:
a) Depressão Psicótica
Além dos sintomas típicos, apresenta-se sintomas psicóticos, como delírios e/ou alucinações. Das pessoas que sofrem de depressão clássica, 15% podem desenvolver a depressão psicótica.
b) Depressão Atípica
Apresenta a combinação de alguns sintomas típicos da depressão clássica e outros não. Indivíduo sente tristeza, desesperança, menos valia, insegurança e medo. No entanto, come e dorme demais e sente-se pior à noite e não pela manhã, como é característico na depressão grave. Pode ser duradoura ou crônica. Geralmente inicia-se na adolescência.
c) Transtorno Afetivo Sazonal
Ocorre apenas em determinadas épocas do ano. A maioria das pessoas se sente deprimida e letárgica durante o inverno e geralmente fica muito bem durante o verão. Algumas pessoas apresentam o ciclo contrário, ou seja, depressão durante o verão. Acomete mais pessoas a partir dos 23 anos.
A distimia é uma forma duradoura da doença depressiva. A pessoa apresenta uma expressão permanente de tristeza e desânimo, e a falta constante de alegria é característico. O indivíduo ainda apresenta incapacidade de lembrar situações que tenha vivenciado este sentimento. A duração é de pelo menos 2 anos, podendo haver breves intervalos, não maiores do que 2 meses. Em geral, não anula o funcionamento da pessoa, mas o tempo prolongado afeta o trabalho e a vida pessoal, com a pessoa tornando-se socialmente retraída e menos produtiva. Os sintomas e sinais são os mesmos da depressão clássica, mas menos intensos.
A pessoa apresenta ciclos ou fases recorrentes de depressão ou euforia. Durante a fase depressiva, apresenta
os mesmos sintomas da clássica, podendo apresentar episódios de hipomania, forma mais branda da mania
e menos debilitante da mania. No pólo contrário da depressão, a fase de mania apresenta humor exageradamente animado, expansivo e irritado, com aumento da energia, alegria e autoestima. A pessoa sente-se incansável, gasta dinheiro de forma exacerbada, toma decisões precipitadas, podendo neste estado haver delírios com ideias de grandeza e poder. No caso da depressão bipolar, o tratamento deve ser contínuo.
Mesmos sintomas da depressão clássica, mas o aparecimento tem relação com um fator externo, que serve como desencadeante:
a) Depressão pós-luto
Duração de mais de 6 meses. O luto pode se dar pela morte de uma pessoa, mas pela perda de um trabalho,
término de relacionamento, perda de condição financeira, perda de amizades, até mesmo por acompanhar
o processo demencial de um parente com Alzheimer.
b) Depressão por esgotamento profissional
Ocorre após apresentar por um bom tempo a síndrome de Burnout, ou seja, depois de apresentar esgotamento físico e mental intenso ligado a atividades profissionais
c) Depressão episódica (natal ou ano novo)
Épocas de lembrança, cobranças, contato com familiares com rancores e mágoas, lembrança de frustrações,
fazem voltar os sintomas depressivos. No entanto, é passageira, episódica, ocorrendo apenas nessa época do ano.
d) Depressão por desajuste social
Ocorre quando a pessoa decide recomeçar ou mudar sua vida para outra cidade ou país. O indivíduo geralmente tem um sentimento de desamparo devido a cultura, hábitos e valores diferentes.
É necessário tempo para adaptação
e) Depressão pós-trauma
Acontece em situações que causam reações negativas na vida da pessoa (ser vítima de assalto ou sequestro,
episódio violento, presenciar a morte de alguém, sofrer abuso sexual ou até mesmo um rompimento amoroso). Predisposições pessoais e capacidade de lidar com situações adversas determinam o que pode ser um trauma e o sofrimento decorrente dele. A intensidade da depressão está relacionada com essas predisposições e capacidade de lidar com as adversidades.
O tratamento da depressão deve ser medicamentoso na maioria dos casos, com acompanhamento adequado de um psiquiatra. Em paralelo, a psicoterapia é fundamental para entender os motivos e superar as questões relacionadas à depressão, sempre com acompanhamento profissional de um psicólogo. Na abordagem da psicologia positiva, os sentimentos negativos, de menos valia, são substituídos por emoções positivas, otimismo, propósito. Além do tratamento convencional, existem técnicas complementares que são muito importantes no tratamento da depressão como praticar atividades físicas regularmente, meditação
e alimentação adequada.